quarta-feira, 30 de novembro de 2011

razão

eu vivo de ilusões
que me amarram
na realidade
ironia ou crueldade?
 - não me desespero
imagino que a vida
seja assim mesmo
é muito mais confortável
se iludir
mesmo que depois
venha o coração partir
juntemos os cacos
às lágrimas
buscando uma nova razão
pra ilusão de existir

Perdão

perdão por ser eu
e não conseguir fugir
por ficar triste
por sorrir
perdão pela carência
pelo amor que preciso
pela falta de atenção
pelo não pedir perdão
perdão por tanta preocupação
pela minha omissão
pelo descaso, sem caso
por sair de mim
e voltar assim
como se tudo fosse normal
perdão por acreditar
e depois repensar
questionar
duvidar
perdão pela honestidade
pela imensa vontade
de querer mostrar
a minha verdade
me despir
sem vaidade, moral ou censura
toda nua
corpo e alma
sendo só tua
perdão

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

limite

eu preciso de
café bem forte
água bem gelada
comida apimentada
gole de cachaça
... da braba
torrar no sol
encharcar na chuva
matar minha fome
desse tudo
- um saco sem fundo
só assim quem sabe consiga
sobreviver ao caos
viver no limite
do absurdo
viver a loucura
no meio desses loucos
que não fazem parte
do meu mundo

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

desejos

meu corpo
destila desejos
 absurdos
ficam mudos
ardentes
coram o rosto
latentes
 sutis
 inquietos
 imensos
devoro o mundo
 eterno
desejo
sem fim

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

de novo

mesmo tudo que eu diga
já tenha sido dito
digo de novo
porque preciso
é o que me resta
falar, escreve, poetar
o velho ou o novo
tantas vezes que seja
sentimentos não prescrevem
não tem prazo de validade
nem tempo e nem lugar
nunca envelhecem
só amadurecem
e palavra
nunca enfastia

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

toda tudo

o caminho é longo
a vida é curta
o desejo é grande
pradoxos me assustam
por isso o tempo
é relativo
a realidade
é a gente quem cria
enquanto o destino dorme
sem mais queixas
não vou caminhar 
de mão vazias
sou toda tudo
toda noite
todo dia


segunda-feira, 21 de novembro de 2011

metamorfose

hoje estou cansada de ser
minha metamorfose aconteceu
mas o passado insiste em voltar
troquei a roupa
tirei a máscara
mas hoje estou cansada
deve ser a adaptação
se reinventar da trabalho
se redescobrir é uma obra
como uma reforma no quarto
melhor, como uma reforma em toda a casa
o bom disso é que só se guarda
o que realmente importa
o resto vai embora
com o caminhão do lixo
porém hoje cansei
pode ser o calor
que chegou de repente
talvez a febre
que a poucos dias me derrubou
não é fácil fechar algumas portas
mesmo quando não se quer mais abri-las
mesmo olhando a luz que entra pela janela
hoje estou cansada
mesmo mais leve
mesmo mais amada
mesmo desarmada
então aproveito o ar puro
deito na sombra e esqueço o calor
a febre já passou
olho a janela
descanso um pouco
enquanto a vida lá fora
me espera

domingo, 20 de novembro de 2011

cansei

cansei
de acordar todo dia
com essa obrigação masoquista
de ser feliz
cansei
de fingir que não sou eu
fingir sorrisos
bom dias
alegrias
cansei de tentar acreditar
em mentiras
mal contadas
em palavras dissociadas
no disfarce alheio
não compactuo
não aceito rótulos
caminhe ao meu lado
divida comigo
seus momentos de felicidade
as dores da sua existência
so não venha querer me enganar
cansei de fingir acreditar

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

tempero

não é a palavra que arde
é a pimenta que habita
no pensamento inquieto
no coração aflito
no descontrole
na falta de razão
mas esse é o tempero da vida
viver água com açucar
é como morar com o tédio
aquele que aparece sempre
aos domingos, à tardinha
não, seria um castigo
quero mais pimenta
sal, limão, vinagre
tudo que queima e arde
arde e faz alarde
arde e cura
arde meu amor
e assim perdura

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

conexão

estar longe
não significa
estar distante

amizade
é um sentimento
muito grande
demonstrado
em pequenos gestos

amar é
dedicação
e compreensão
nunca prisão

estar presente
é se importar
e quando realmente
se quer, se está

não importa
a distância, a hora
o tempo e o lugar

a verdadeira conexão
está na alma
e no coração

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

tudo novo

se eu pudesse
começaria tudo de novo
acordaria um dia
esqueceria o mal
esqueceria o bem
faria tudo diferente
escolheria hora e lugar
um tempo certo
mediria  palavras
te amaria baixinho
não faria alarde
nem muitas promessas
te beijaria sem pressa
passaria tardes de sol
sentada ao teu lado
ouviria as tuas histórias
até o sol ir embora
passaria noites de frio
madrugadas
contigo aninhada
na frente do fogo
com uma garrafa
de vinho tinto
com a boca roxa
igual a vampiro
declamaria minhas poesias
sem vergonha e sorrindo
se eu pudesse
derrubaria esse muro
te libertaria do medo
te olharia de novo
com olhos de desejo
urgente e pra sempre
se eu pudesse
acordaria um dia 
e começaria
nossa história de amor
de um jeito novo


quinta-feira, 10 de novembro de 2011

desacertos

tento um recomeço
tropeço nos meus desacertos
não enxergo o óbvio
só até onde minha dor permite
o sofrimento cega
tudo vira motivo pra guerra
a batalha que se trava com a vida
fica muito mais pesada
acordar dói
respirar dói
viver dói
um simples bom dia
é uma bomba
que estraçalha o peito
quando ainda existe mágoa
o amor não consegue
atingir o coração

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Ilusão

O amor é uma ilusão
amar pressupõe inventar
criar um ser que caiba
nos nossos sonhos
depositar no outro
nossa expectativa
de ser feliz
Amar é um exercício
de reconstrução
quando chega a desilusão
Amar é ser criativo
conseguir transformar
desilusão em perdão
perdoando nosso autoengano
perdoando nosso desejo de amor
perdoando nossa incapacidade
de vivenciar sozinho
a ilusão de felicidade

pensamento

pensamento e alma
são livres
o corpo
é escravo
das necessidades
da rotina
das suas limitações
prefiro o abstrato ao concreto
gosto de voar
nos meus pensamentos
gosto de flutuar
minha alma é leve
gosto de sonhar
é preciso viver

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

anti-presença

quero sol
calor paixão
tudo que aqueça
esquente derreta
minha alma congelada
pelo frio da ausência
pelo vazio da existência
da minha anti-presença
quero sol
amor



quinta-feira, 3 de novembro de 2011

poesia

poesia alivia
a dor e a angustia
do dia a dia
põe a rotina
em melodia
contagia
transforma
pedra em pena
espinho em flor
beleza em palavra
sonho em realidade
paixão em amor

terça-feira, 1 de novembro de 2011

partida

qual o sentido de existir?
estar aqui ou ali
sofrer, chorar, sorrir
talvez  seja o próprio viver
o segredo é nunca esquecer
que cada dia é um recomeço
que caminhamos para um fim
que aqui neste planeta
nada nos pertence de fato
por mais que você pense
que pagou, levou, conquistou
sua casa
seu carro
suas roupas
amigos, amores e filhos
seu próprio corpo
na hora da partida
tudo fica
não se leva nada
partimos tal qual chegamos
sozinhos
carregamos o que com a gente veio
nossa alma
bonito deve ser partir
com ela cheia
triste é ir embora
com ela vazia
sem amor
sem historias
sem alegrias