domingo, 31 de julho de 2011

Só um pouco...

Eu falo tudo, falo até demais.
Esta sou eu,  um tom à mais.
Às vezes me encaixo na melodia, outras desafino.
Depende do que me toca.
Depende do que me atrai.
E muito do que escrevo.
É só um pouco do que sinto.
Palavras são eternas, imortais...
Eu, tenho prazo de validade.
Sei que não vou escrever tudo que quero.
Mas vou escrever tudo que posso.
Não para me eternizar.
Mas, para me libertar...

quinta-feira, 28 de julho de 2011

A Última Vez....

Etreinte - Pablo Picasso, 1901

Quando cheguei de madrugada, a cama estava vazia.
Me joguei nela como alguém que se joga ao mar.
Prontamente me vieram as lembranças da noite anterior.
Não conseguia esquecer aquela cena, ela linda deitada na cama me olhava com um olhar triste. Seu rosto estava afogueado e as mãos suadas cobriam os seios nus.
O cheiro e o calor do nosso amor tomavam conta do ambiente.
Mas eu sabia que seria a última vez.
Ela também sabia que eu não poderia continuar.
Vi que não podia fazer nada. Eu não tinha forças e fugi.
E o amor proibido, o amor escondido.
Vai ficar aqui, sufocado, aprisionado nas minhas lembranças.

(exercício da oficina de contos de Alcy Cheuiche)

Um passo em falso

Esta semana dei um passo em falso.
Me perdi no meio dos meus pensamentos e dúvidas.
A insegurança tomou conta de mim.
Me perdi justamente quando procurava me achar.
Irônico..
Chorei como uma criança num quarto escuro.
Uma voz me disse, se entregue, mergulhe no desconhecido.
E eu intensa, entreguei a minha alma.
Precisava disso...
Sobrevivi à catarse.
Nada como se perder e se reencontrar
Nada como errar para aprender.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Tempo Modernos

Estamos vivendo na era digital, a informatização parece facilitar a vida, aproximar as pessoas, diminuir a distância entre os oceanos, basta clicar em um botão e tudo está resolvido.
Pessoas se relacionam via internet, os acontecimentos são noticiados pelos cinco continentes em segundos, e agora, até os livros são virtuais.
Tudo isso parece mágico, fácil e confortável.
Mas o que parece aproximar, pode muitas vezes afastar.
Todos estamos correndo sem parar, sem tempo para nada. Com certeza, toda essa tecnologia ajuda muito nas coisas práticas do dia a dia, mas o que realmente me preocupa são as relações humanas.
Pessoas não estão mais tão dispostas a se envolver como antigamente. Apressadas, parecem se contentar com conversas virtuais, em ver suas fotos e de seus amigos expostas em redes sociais e receber notícias por email.
Sinto saudades dos tempos em que se marcavam encontros nas tardes de sábado, das reuniões de família nos domingos e até dos telefonemas sem fim da adolescência.
Hoje em dia os jovens estão interligados ao mesmo tempo em vários canais de comunicação da web, mas emocionalmente vazios. Não se fazem mais amigos como antigamente, não se vive mais uma história de amor como nos velhos tempos.
A oportunidade de conhecer pessoas aumentou consideravelmente com o advento da internet, mas as relações duram pouco ou nem se estabelecem.
Parece existir um medo de entrega, um medo do comprometimento, um medo de viver as coisas reais e palpáveis da vida.
Espero que isso seja transitório e que seja uma adaptação aos novos tempos, que o ser humano não se perca em meio a cabos,  fios,  teclas e telas.
Que a simplicidade de um aperto de mão, de um olhar ou de um abraço verdadeiro sobreviva a toda essa virtualidade emocional.



segunda-feira, 25 de julho de 2011

Voando com os anjos

Preciso voar, preciso sonhar.
Adoro andar nas nuvens, feito anjos.
Nem que seja por instantes.
Anjos não tem sexo e nem cor.
Não tem raça, nem religião.
São etéreos, imaterias
Sutis, imortais...
Habitam o paraíso.
São imunes ao sofrimento e à dor. 
Mas sentem compaixão...
Por isso dizem  que cada um tem o seu.
Então peço que me levem nos sonhos à voar.
Para que eu, quando acordar...
Consiga belas poesias criar.

Raffaello Sanzio

O Paraíso de Júlia

Todos os finais de semana eram iguais. 

Júlia ia com seus  pais visitar os avós que moravam em um sítio próximo a sua cidade. Acordavam cedo no domingo e começavam a preparar a pequena viagem.

Júlia adorava esse dia, pulava da cama prontamente às 7 da manhã, com sua mochila cor-de-rosa já cuidadosamente arrumada desde o dia anterior, recheada com seus livros e brinquedos preferidos, era a primeira pessoa a embarcar no carro.

Para a menina era uma verdadeira aventura, ela tinha 8 anos de idade, morava com seus pais em um pequeno apartamento no centro da cidade.

Durante a semana ia ao colégio pela manhã e passava o resto do dia no apartamento com uma babá.  Os pais trabalhavam em turno integral.

Era uma criança curiosa e inteligente, sempre questionava a mãe sobre todas as coisas e uma das perguntas mais frequentes era sobre a sua condição de pequena prisioneira urbana, pois isso a deixava muito angustiada.

A mãe de Júlia, como fazem todas as mães, respondia às perguntas da menina sempre dando as melhores justificativas para sua clausura, prometendo que um dia isso mudaria,que viveriam em um lugar maior, que ela teria irmãos e que todo o esforço seria recompensado.

Júlia ouvia atentamente, com um olhar distante, duvidando um pouco das palavras da mãe, mas se resignava e sonhava com os tais dias melhores, como fazem todas as crianças de sua idade.


Mas,existiam os domingos, e eles, para ela eram mágicos.

Encontrava sempre seus primos, quase todos da mesma idade. Brincavam o tempo todo, pega-pega, esconde-esconde, corriam pela grama, subiam em árvores, e no verão se banhavam em um pequeno riacho e pescavam, além das comidas deliciosas da avó e dos horários flexíveis para quase tudo.

Era a verdadeira liberdade tão sonhada por Júlia.

Mas quando entardecia, seu coração começava a apertar, era a hora de partir, voltar para casa.

Mesmo inconformada, Júlia entrava no carro, sentava à janela e observava seu pequeno paraíso desaparecer aos poucos diante de seus olhos.

Mas uma coisa a deixava animada: A certeza de que sempre voltaria.

Meio beijo



O gosto da tua boca grudado na minha.
Gosto de meio beijo.
Um beijo quase sem gosto.
Gosto de beijo incompleto.

 Eu nem sabia que isso existia.
Mas sempre vem a vida e ensina.
E o que não existia passa então a existir.
Sensações imcompletas...

E  beijo não beijado.
O beijo meio dado.
Fica solto no espaço na distância dos nossos lábios.
Perdido, procurando onde cair, 
 Perguntando se ainda tem a chance de existir.

domingo, 24 de julho de 2011

Incertezas

Seria bom ter  certeza das coisas, pelo menos de algumas.
Saber porquê estamos onde estamos, saber para onde vamos.
Fazer as escolhas certas.
Desviar dos caminhos errados.
A vida e seus mistérios...
O que sabemos é que parados não podemos ficar.
A vida não vem com um manual de instruções.
Talvez aí que esteja sua graça.
Nós somos nossos próprios instrutores.
Nossos professores, nossos guias nessa estrada sem destino certo.
Acredito que se aprende muito com as experiências alheias.
Mas nada como viver as suas e com elas crescer.
Talvez seja um pouco desconfortável viver na incerteza do dia seguinte.
Mas também pode ser muito estimulante.
Pois cada dia acordamos com a chance de fazer novas escolhas.
Tomar novas decisões, se engajar em novos projetos e dar um novo sentido para nossas vidas.
Se tudo fosse tão previsível, não seria tão excitante, a esperança não exitiria e viveríamos como rôbos programados.
O desconhecido assusta mas também atraí.

Banksy

sábado, 23 de julho de 2011

Intensamente Amy...

Uma menina lançada à fama aos 20 anos de idade.
Uma menina com uma voz de mulher.
Uma voz ímpar, forte, chegou a ser comparada às grandes cantoras da BlackSoul.
Uma grande cantora.
Uma pessoa intensa como sua voz, mas frágil como uma menina realmente deveria ser.
Uma menina que se escondia atrá do exagero, da maquiagem pesada, do cabelo perfeitamente desarrumado, de atitudes polêmicas.
Quem era Amy Winehouse, além da sua voz e da sua música?
Não sei....Talvez até ela mesma não soubesse, mas seu nome ficou para posteridade.
Quem vive intesamente paga um preço alto por isso,  e Amy pagou, ou não?
Quem vai saber, o inferno pode ser o aqui e o agora!!
Amy deve estar cantando em algum lugar com certeza, sua voz não pode calar!!
Mas desse mundo saiu de cena...
Intensamente...


Desabafo...

Banksy


Não tem como falar do que eu vou falar sem cair no clichê.
Mas irei falar mesmo assim pois isso muito me revolta.
Quando ouvi a notícia de que pai e filho, confundidos com um casal gay, foram violentamente agredidos, fiquei chocada.
Obviamente já acho um absurdo que isso vem acontecendo com os homossexuais, mas essa situação ultrapassou todos os limites da sanidade mental, se é que se pode dizer que essa gente tem alguma.
Aonde estamos? É realmente o fim dos tempos.
Agora, além de caminhar nas ruas assustados a se proteger da violência urbana, temos que  cuidar também de nossas manifestações de afeto que podem ser mal interpretadas.
A que ponto chegamos? Até onde essa sociedade preconceituosa, ignorante e hipócrita pode ir?
E eu não estou falando aqui dos ditos "marginais", estou falando de jovens "bem-criados", de classe média alta, que estudam em "bons colégios", e tem acessos a todo tipo de informação.
Sociedade hipócrita sim!! Pois não aceitam as diferenças sexuais, mas aceitam morrer nas filas do sistema único de saúde e nada fazem, e se fazem, fazem contra as pessoas erradas.
Se revoltam contra as cartilhas de orientação sexual (claro isso é para Suiça e não para o Brasil), mas aceitam não terem uma educação digna para seus filhos.
Acham que a solução para a segurança nas escolas é a campanha do desarmamento.
Aplaudem quando um político reacionário e conservador vem e fala barbaridades em nome da família e dos bons costumes, enquanto corruptos lavam dinheiro e saem impunes, e ainda por cima com o nosso no bolso.
O povo realmente não está preocupado em construir uma sociedade mais justa, com respeito ao cidadão que contribui com altos impostos, onde se possa usufruir de direitos básicos que pela Constituição deveriam ser proporcionados pelo Estado, como educação, saúde e segurança.
Não...Eles vem e destroem as conquistas já feitas, humilham quem assume suas escolhas de forma digna, preferem que seus filhos cresçam sem informação sobre sexualidade por medo da opção que possam vir a ter, pois o que importa é a felicidade dos pais e não dos filhos.
Os filhos que se reprimam em nome da moral e dos bons costumes.
É uma pena...mas sinto informar que uma sociedade evoluída precisa muito mais que uma coleta seletiva de lixo e policiais de plantão.
É preciso respeito às diferenças, saber que ninguém é igual a ninguém, não somos fantoches.
É preciso educação, informação e não repressão e violência, basta o que já tivemos e o que ainda temos.
E só para deixar claro aqui, este não é um assunto que gosto de tratar,  prefiro minhas poesias e reflexões sobre os sentimentos humanos, tem gente bem mais qualificada para isso, mas hoje não consegui me calar.
Também não levanto nenhuma bandeira, acho isso hoje em dia um pouco ultrapassado, prefiro a união e não a divisão, mas infelizmente isso é utopia.
Mas por uma coisa eu luto... Pelo respeito ao outro, e uma coisa eu exijo, o respeito a mim.
Este é meu desabafo...

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Em ebulição

“La persistencia de la memoria - Salvador Dalí - 1931”

O mundo em minha volta está sob pressão.
Para tudo se tem urgência, nada pode esperar.
Essa correria do dia-a-dia me angustia.
Quem consegue parar e pensar?
Pensar no ontem, no hoje e no amanhã.
Mil coisa a fazer, a vida passa, não tenho tempo.
Quero atenção!! Preciso gritar?
Me pedem atenção, não consigo dar.
Presente mas com a mente a girar.
Me sugam, me querem ter.
Não gosto de ser um pouco.
Não gosto de fingir que estou.
Com essa nova realidade é dificil de lidar.
Tudo de plástico, tudo superficial.
Você diz que gosta e eu finjo acreditar.
Mas eu estive lá e não percebi.
Será? E agora? Posso voltar?

Um pouquinho de tristeza...

A Tristeza é assim.
Chega sem pedir licença e se assenta.
Nunca anda sozinha...
Vem com a saudade, com a lembrança de alguém, com a vontade de viver um tempo que já passou...
Com a derrota, com alguma dor de amor, com a solidão.
Acompanhada de um choro sofrido, um choro calado, um choro doído.
Mas sempre ensina alguma coisa, deixa seu recado.
Em alguns corações resolve ficar muito tempo...ela insiste, não vai embora..
Em outros fica o tempo necessário para curar e reparar..
Em outros passa ligeira, só para lembrar que existe e que pode voltar...
O melhor seria não deixá-la entrar, mais isso é impossível controlar.
Mas se ela aparecer, conforme-se e deixe acontecer.
Quando se aceita o inevitável, tudo fica mais fácil, flui, circula e vai..
Segue o fluxo natural da vida...

quinta-feira, 21 de julho de 2011

À Deriva

Tudo parece tão pequeno diante desse universo de possibilidades.
Eu, você, seu vizinho, o empacotador de supermercado, seu colega de trabalho.
Cada um com suas histórias de vida, seus sonhos, suas perdas, suas escolhas certas ou erradas....
Chegamos a pensar que comandamos tudo, decidimos tudo, controlamos tudo.
Porém existe algo maior que rege a sinfonia da vida.
Fazemos escolhas importantes certamente, lutamos todos os dias pela nossa sobrevivência, traçamos planos, estudamos, vamos à Igreja, praticamos o bem, somos politicamente corretos, respeitamos o próximo, não cruzamos o sinal vermelho...
Mas e daí??
Vem alguém e destrói tudo.
Uma tempestade e leva embora tudo que você construiu.
Um fato inesperado e arrasa com seus sonhos.
E então? Como ficamos quando o chão se abre sob os nossos pés?
Descobrimos que infelizmente o controle não é todo nosso.
Aprendemos a suportar frustações, superar as perdas, vivenciar a tristeza e continuar nosso caminho.
Nos sentimos pequenos e indefesos sim, mas amadurecemos e crescemos como seres humanos.
A felicidade não é eterna, e sim momentânea, por isso quando ela chega devemos vivenciá-la, compartilhá-la, devorá-la.
A tristeza também é passageira, mas ela dói, machuca e demora a ir embora por vezes.
Porém, tudo isso faz parte da natureza humana e não estamos sozinho nessa.
Você pode pensar que sofre mais que o outro, mas não exite um medidor de agruras.
Por isso seja solidário com as dores alheias, mesmo que pareçam menores que as suas
Estamos todos no mesmo barco.
De alguma forma, nas mãos do destino...

Tree of Hope, Remain Strong - Frida Kahlo, 1946

quarta-feira, 20 de julho de 2011

A Luta

Saint George and the Dragon - Raphael (Raffaello Sanzio)

Hoje o mundo passou batido por mim.
Não sei se isso é bom ou ruim, so que foi necessário.
Não existir por um tempo, não interagir com a realidade.
Isso acontece sem ter um porquê.
Pelo menos um porquê que eu consiga visualizar e entender.
Sou nocauteada.
Jogo a toalha e pronto.
A luta parece que acabou.
Mas como uma boa guerreira não me entrego, outras virão.
Não vou desistir, vou persistir.
Desistir é fácil,  é para sempre.
Posso estar cansada, nunca desacreditada.
Ainda bem que tenho minhas palavras, caneta e papel.
Tenho meu refúgio, meu porto seguro, a cura para minhas dores.
Eu caio e levanto mais forte.
Sempre mais forte.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Relatividade pós-moderna

Quando se tem tudo, voce fica cego e nada enxerga.
Quando não se tem nada, você enxerga tudo.
A relatividade das coisas...
Será o grande mistério do universo?
O que para uns é muito, para outros é pouco.
Quem para alguns parece velho, para outros se mostra novo.
O que é Ter realmente? O que é Ser realmente?
Vivemos num mundo onde tudo é efêmero.
As relações são superficiais.
Os valores mudaram, dogmas foram questionados.
Não existe mais o bem e o mal absoluto.
Existem causas a serem defendidas.
Muitas vezes nem tão nobres assim...
Idéias rasas...
Amores líquidos...
Corações vazios...
Quem está disposto à entrega absoluta?
Estamos todos acuados.
A pós-modernidade está nos massacrando.
São muitas as escolhas...
São muitas as renúncias...


Relatività, litografia del 1953 -  M. C. Escher



Minuit à Paris

Saí do filme de Woody Allen como quase sempre saio de seus filmes, refletindo sobre as coisas da vida e os sentimentos humanos.
Mas este particularmente, tinha algo de especial.
As primeiras cenas que mostram Paris foram filmadas cheias de afeto, com uma certa reverência à cidade, e eu, que cultivo  uma  paixão platônica por ela, de pronto já me rendi ao filme.
Diferente do protagonista que já havia passado pela cidade luz anteriormente, eu ainda não estive por lá, ainda...
Me identifiquei muito com o personagem principal, gostaria também de ter vivido na Paris dos anos 20, cheia de charme e vida, com seu cafés lotados de intelectuais e artistas... modernistas, surrealistas, cantores de jazz, a cidade nesta época era a vitrine do mundo.
E este, para mim foi o ponto principal do filme.
Quem já não se imaginou vivendo em outra época?
Já não afirmou: "Nasci na época errada.
Pois bem, é esta tal insatisfação humana que Allen retrata de uma forma leve e cômica em seu filme, diria até que poética e romântica.
Muito já experimente essa sensação também, querendo estar aqui ou ali, ainda sonho em morar em Paris, não na dos anos 20, infelizmente é impossível, mas é bom sonhar,  é de graça e é o elixir da eterna juventude.
Quem te um sonho, se sente mais vivo.
Vivo para acreditar nesse sonho e buscá-lo, incansavelmente.
Sou uma eterna sonhadora, apesar de ter passado por vários pesadelos na vida, voltei a sonhar.
E Paris está logo ali me esperando. 

A tout à l'heure Paris.

Thomas Kinkade - Paris anos 20

segunda-feira, 18 de julho de 2011

De tudo um muito

Sebastião Salgado - Kuwait 1990


Eu gosto do que escuto e do que vejo.
Gosto do que sinto...
Gosto de tudo que é belo e sincero.
Gosto do que é inteiro...

Escutar coisas doces.
Ver coisas belas.
Perceber a sinceridade no olhar.
Sentir a intensidade da presença e não a frieza da ausência.

Gosto do muito e não do pouco.
Gosto de tudo e quero mais.
Tudo que provoque meus sentidos.
Que aqueça meu coração.
E que chegue até minha alma...

Gosto do frio e do quente...
Mas muito mais do ardente..
Gosto de me perder para depois me achar...
E sonhar..

Aliás, adoro meus sonhos, mesmo que insanos...
Eles me ajudam a viver.
A insanidade assim como a ignorância é uma dádiva.
O louco está sempre feliz.

Gosto da chuva e do sol.
Da lua e das estrelas.
A vida para mim é a mistura de tudo.
A mistura de todos.
É o universo incompleto das coisas em constante mutação.

Avessos

Somos avessos.
Mulher e  Homem.
O que eu acho legal, você acha estranho.
Eu sou o inverno, você é o verão.

Diferentes...
Diferença de ser e pensar.
Diferença no jeito de amar.
Eu intensa, você sutil.
Meus acordes são pesados.
Sua melodia é doce.

O que nos une é a diversidade.
O que me faz te amar é te descobrir a cada dia.
É me revelar a cada noite.
Eu sou única.
Você é único.

O amor mora na aceitação das diferenças.
Conseguir ver o outro realmente como ele é.
Sem projeções...
Ninguém é igual a ninguém.
Ainda bem...

Man and Woman in Front of a Pile of Excrement 1936 Joan Miro

domingo, 17 de julho de 2011

Um pouco de simplicidade.

Devemos criar um personagem, quebrar a rotina, sair do marasmo.
Operários 1933 - Tarsila do Amaral
Imaginar-se em outro corpo, com outra alma.
Só um pouquinho, brincar de não ser o que se é.
Transgredir a ordem das coisas.
Em segredo...
Sem gritar aos quatro ventos.
Ninguém precisa saber.
Dividir essa experiência só com você.
É excitante ter algo só seu.
Criar uma cumplicidade consigo.
As coisas hoje em dia andam muito sérias e pesadas.
A simplicidade é mágica.
Pode transformar seu dia.
Pode dar leveza à sua alma.
As pessoas andam duras demais, críticas demais, intolerantes demais.
Tudo é muito desmedido, exagerado.
Você pode mudar isso, quebrar isso.
Não nos outros, mas em você...
E isso, já é muito, é o bastante, é do que você precisa.

sábado, 16 de julho de 2011

Um pequeno conto...

Estavam os dois ali deitados na grama.
Era uma tarde quente de verão.
Moravam em um apartamento pequeno e abafado, resolveram sair para rua.
Precisavam respirar.
Procuraram uma praça tranquila na cidade.
Olhavam o céu e conversavam, ele falava e ela ouvia...quase sempre era assim.
Ele tinha uma mania até simpática de reclamar da vida.
Ela se divertia com isso.
Eram reclamações irônicas e engraçadas.
Ele era um homem inteligente e virtuoso, mas tinha suas duras convicções sobre as coisas.
Porém, naquele dia, não estava com muita paciência para ouvir suas lamúrias.
Virou para ele, interrompendo suas palavras e disse sorrindo:

-Pare de reclamar e vem comigo brincar!

Ele ficou mudo por instantes e respondeu:

- Brincar? Eu? Estás louca?

-Brincar sim! - Disse ela.

-Brincar de ser feliz nem que seja por instantes...

Ele então sentou...pensou um pouco e disse:

- Meu bem, como posso ser feliz desse jeito? Tudo é tão diferente de mim? O mundo comigo é cruel...

Ela deu um salto e parou em sua frente, parecia uma criança com cara de moleca, chegou bem perto e falou em seu ouvido:

- Vou te contar um segredo, um dia eu também desse mundo já tive medo, mas ele hoje para mim é quase um brinquedo, sou uma criança levada, que desafio suas ciladas e sem deixar que ele perceba, fujo da tristeza e das mazelas do dia-a-dia e enfeito a vida, com música, arte e poesia.

Fora de órbita

Às vezes me sinto for de órbita.
Desconectada do mundo real.
Desconectada até do meu próprio mundo inventado.
Vagando pelo tempo e pelo espaço.
Não consigo prestar atenção no que falam,
Não consigo interagir o necessário.

Preciso ser resgatada

Como alguém que foi sequestrada...
Acordo então do meu transe encantado.
Penso...
Deve ser maravilhoso ser uma estrela.
Ficar lá quietinha, solta no céu. 

Livre e bela.
Brilhando o tempo todo. 



  Ciphers and Constellations in Love with a Woman 1941  - Joan Miro


sexta-feira, 15 de julho de 2011

Gatos...

Tenho uma gata, ou melhor, ela me tem.
E quem tem gatos sabe bem como isso funciona.
Gatos são independentes, tem suas vontades próprias e só fazem o que querem...
Mas são encantadores...
Fofos, carinhosos, charmosos, fazem poses sedutoras e trejeitos graciosos.
Chegam de mansinho, só quando querem, se enrolam em nossas pernas pedindo carinho...
Não há coração que resista!
Coração onde existe lugar para gato obviamente, pois eles causam um certo desconforto e aversão em alguns seres humanos.
Não consigo compreender...
Acho que os gatos são mal interpretados, foram difamados ao longo dos séculos e até, vejam só, perseguidos pela inquisição, sempre associados ao mistério e à magia.
Existem várias lendas envolvendo o mito do gato, em diversas culturas, umas boas outras nem tanto...mas não vale a pena entrar no mérito.
O que vale a pena é ter um gato, aquele bichinho lindo que ronrona baixinho e afofa seu cobertor, aquece seu colo e seu coração.
São exibidos e fazem acrobacias para chamar a atenção.
São quase um objeto de decoração...de tão lindos que são...
E quando se espreguiçam então!
Amo minha gatinha, ela é especial, o máximo.
Minha vida ficou bem mais doce ao lado dela.


"O gato é uma lição diária de afeto verdadeiro e fiel. Suas manifestações são íntimas e profundas. Exigem recolhimento, entrega, atenção." (Artur da Távola)

Viração

As coisas  acontecem assim, de repente, como uma viração.
Encontros e desencontros da vida.
As pessoas passam por nós, as vezes ficam, as vezes nunca mais voltam.
Acredito que para tudo existe um porquê.
Um porquê daquele inesperado encontro.
Um porquê do desencontro.
Um porquê do nunca mais ver.
Certas pessoas causam sensações inexplicáveis.
Enquanto outras parece que nada acrescentam.
Incompreensível?? Talvez nem tanto...
As respostas demoram, mas sempre chegam.
Então percebemos, porque foi melhor do jeito que foi...
Mas sempre é bom lembrar que uma brisa pode ser um início de tempestade.
E, por mais bonita que ela pareça ser, é prudente fechar as portas e as janelas.
Não deixá-la entrar, pois nunca se sabe o estrago que ela pode causar.
Estragos muitas vezes irreparáveis...
Não se controla o incontrolável, não se prevê o imprevisível.
O melhor é deixar tudo se aquietar, deixar o temporal passar.
E tudo ficar mais tranquilo.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Um certo querer

Quero meu corpo no teu corpo.
Minha boca na tua boca.
Enxergar meus olhos nos teus.

Quero-te todo em mim.
Corpo, alma, suor e saliva.
Quero-me toda em ti.
Pele, mão, pernas, palavras ardidas.

Eu e você dentro um do outro.
Sensações, pulsações, emoções.
Derreter em teus braços.
Para depois me aninhar no teu peito.

Então serenar.
Depois de ver o amor acontecer.
Adormecer.
Para amanhã, outra vez, te ter.


Intensa

Tête d'une femme lisant - Pablo Picasso


Eu posso desaparecer.
Pelo menos para você.
Não quero ir até o fim.
Não quero que você saiba tudo de mim.

Já sabe o suficiente.
Pelo menos ao que você pertence.
Sabe até demais.
Sabe além do que eu sou capaz.
Sabe além de mim.

Não, eu não vou até o fim.
Porque o fim para mim é outro.
O fim para você é pouco.
E pouco comigo não combina.

Eu quero mais, eu quero muito.
O muito que você desconhece.
E isso por vezes a mim entristece
Mas eu sou assim... quero tudo.
Intensamente.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Visão

Eu não acredito em verdades absolutas e sim na evolução do pensamento humano.
O mundo está em constante transformação, impossível nascer e morrer sendo a mesma pessoa.
A adaptação é necessária para um melhor viver.
Quem busca se ajustar às novas idéias mais chance tem de ter sucesso e seu lugar ao sol.
Expandir a mente, olhar para frente e imaginar um futuro totalmente diferente.
Pense no que pode ser feito.
Não existe alguém de todo bem ou de todo mal.
É apenas umas questão de perspectiva ou de sobrevivência.
Esta é a visão.


Dia Mundial do Rock



No dia 13 de julho, desde o ano de 1985, se comemora o Dia Mundial do Rock.
Eu como sua fiel apreciadora, não poderia deixar de prestar minha singela homenagem.

O Rock and Roll, ritmo alucinante que contagiou gerações inteiras, com seus grandes ídolos irreverentes e festivais de música que foram sinônimos de liberdade, paz e amor.

O bom e velho Rock and Roll, que de velho só tem o nome, pois ainda carrega consigo a rebeldia de um adolescente. 

Elvis Presley, que com seu requebrado fez menininhas delirarem.

Aqueles garotos de Liverpool, sacudiram o mundo com suas canções, até hoje movem multidões de fãs de todas as idades, fizeram da música uma verdadeira revoluçao de comportamento e conceitos.

Mick Jagger, com sua banda Rolling Stones, despojados e ousados, diferente dos Beatles eram cosiderados os mais rebeldes da época, sobreviveram ao tempo e continuam produzindo grandes espetáculos de puro rock.

Jim Morrison, com seu The Doors,  fazia música e poesia, queria abrir as portas da percepção e ir além do mundo real, tentou traduzir muito disso em suas canções e em seu comportamento no palco e na vida, infelizmente se foi cedo, como muitos outros, mais deixou sua marca na galeria do rock.

Música, rebeldia e revolução.

Sem falar em Jimi Hendrix, Janis Joplin, Bob Dylan, The Who, Led Zeppelin, AC DC,  Guns and Roses e tantos outros ícones de gerações que não deixaram e nem irão deixar o rock morrer.

O Rock and Roll é uma seita, quase uma religião, um estilo de vida, com seus fãs e seguidores fanáticos, viciados em solos longos e hipnotizantes de guitarra, em acordes pesados e em letras insurgentes.


"I know, It's only rock'n roll but I like it" ( The Rolling Stones) 

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Amor próprio

O ser humano tem o estranho hábito de não acreditar no seu próprio valor.
A estranha mania de se achar incapaz.
De fugir da sua verdadeira essência e de querer ser outra pessoa, desprezando suas qualidades e reais capacidades.
O auto conhecimento e a auto aceitação de um ser o conduz ao amadurecimento que por sua vez pode o conduzir à verdadeira felicidade.
Saber o que realmente importa, assumir suas reais necessidades e olhar para dentro de si, livrando-se das máscaras e dos prejulgamentos, é um exercício árduo, mas válido...sentir-se inteiro, não tem preço.
Inteiro, sem precisar de mais nada, a plenitude do Ser.
Isso é difícil, mas não impossível.
Impossível é viver nesse mundo de uma forma desconfortável.
Viver querendo o que não se pode ter e o que não necessariamente se precisa ter.
Insuportável é viver uma falsa realidade, uma meia-verdade, uma angústia existencial sem fim.
Um dia as luzes se apagam e isso não tem hora e nem data marcada.
Mas o importante é o aqui e o agora, por isso não se adia a felicidade.
A verdadeira liberdade é poder respeitar-se como indivíduo, como um ser único.
Só assim estaremos aptos a respeitar os outros e a amar de verdade.

"As Duas Fridas - Frida Kahlo - 1939"

sábado, 9 de julho de 2011

Uma Casa

La maison blanc at nuit - Vicente Van Gogh
Se uma casa falasse, por certo, teria muitas histórias para contar.
Histórias que ficaram impressas em suas paredes.
Por vezes triste, por vezes alegres, mas sempre verdadeiras.
Se esta casa estivesse completando 60 anos, o  que não teria guardado em seu interior...
Histórias de vidas inteiras, momentos marcantes e inesquecíveis.
Nascimentos, aniversários, natais, muitos almoços de domingo, casamentos, reuniões familiares, reuniões de amigos, enfim..as perdas e ganhos de uma vida.
Este texto é uma homenagem a uma casa que conheço, há pouco tempo, mas muito já ouvi sobre ela.
Uma casa movimentada, acolhedora, que recebe pessoas que por lá ficam para sempre, outras que passam uma vez e....pessoas que nunca mais voltam.
Conheço sua dona, uma mulher forte, cheia de vida e alegre, que confere ao seu lar todas estas qualidades.
Uma mulher que pelo que sei passou muitos momentos felizes nesta casa, criou seus filhos e netos e tudo isso está ali dentro, registrado.
Queria ter tido o privilégio de ter conhecido seu dono, porém cheguei tarde demais, mas também me contam suas histórias e fico imaginado o quanto dele está por ali.
Que esta casa continue assim cheia de vida e amor por mais muitos anos.
E que eu, como citei anteriormente, seja uma das pessoas que por ali fique e compartilhe com os demais muitos momentos felizes, deixando também registrado em suas paredes um pouquinho de mim.

Uma dose de mim

“Moça à janela”, Salvador Dalí,
Nunca pensei que seria tão bom
Provar do meu lado desconhecido.
Provar e gostar.
A vida realmente tem seus mistérios.
Nunca tinha provado este gosto, este sabor.
Este eu que estava escondido.
Um eu recém-nascido.
Uma redescoberta.
Como é bom se redescobrir.
Fazer esta viagem interna, que transcende a realidade.
Mergulhar no desconhecido.
Todos os dias agora tomo uma dose de mim.
Uma, duas, três...
Quantas forem necessárias.
Quero saber mais, descobrir mais.
Saber do que sou capaz, saber até onde eu posso ir.
Quero ir além do que um dia eu acreditei ser o fim.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Sem parar...


Não paro, não posso parar.
O tempo voa, tento correr junto a ele.
Correr no seu ritmo.
Não deixá-lo ultrapassar.

Nem pensar!!
Não posso ficar esquecida, abandonada, perdida..
Guardada em alguma estante empoeirada.
Não, eu quero acontecer...

Preciso viver, preciso sonhar.
Correr sem parar, voar...
Segundos, minutos, horas, noite e dias.
Obstáculos a enfrentar.

Não paro, não posso parar.
Quero dar a volta ao mundo.
Conhecer lugares, pessoas...
Ouvir novas musicas, ver novos filmes...
Aprender, errar para aprender, e seguir...

Mas eis que vem ele, sorrateiro e cruel.
Querendo me enfrentar, querendo me derrubar..
Não!! não me deixo abater e nem me enganar.
Pretendo, ao menos, ao seu lado no final da linha chegar.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Ritmo do universo...

O mundo muda o tempo todo, gira sem parar.
E issó é bom, isso é maravilhoso.
A energia se renova a cada dia.
As estrelas que você vê agora já estão no passado.
E você pensa que é presente.
Assim é a vida, cheia de mistérios.
Você acha  que está no presente.
Mas está lá, preso no passado.
O mundo gira e não pára...
Cuidado! 
Não se perca no tempo...não fique parado.
Gire, dance no ritmo do universo.
Corra atrás das estrelas..




 

terça-feira, 5 de julho de 2011

Relações Sazonais

Esses dias estava em um grupo de amigos conversando sobre assuntos diversos quando um deles fez um comentário:

" As relações humanas são como as estações do ano" 


Achei a afirmativa  poética e verdadeira.

O ano tem 4 estações, primavera, verão, outono e inverno.  

Cada uma com suas características e peculiaridades, produzem em nós muitas vezes sensações boas e ruins.

Afetam a natureza, o ir e vir, o nosso humor, a capacidade de trabalho, a prática de exercícios, comer, dormir, enfim...nosso dia-a-dia em geral.

As relações humanas não são diferentes.

Elas também têm sua primavera, seu verão, seu outono e seu inverno.

Muitas vezes temos momentos tranquilos, suaves, floridos e perfumados.

Em outros eles são intensos, com noites e dias quentes.
 
Por vezes, mais amenos, quietos, serenos. 

E tempos difíceis, de frieza, escassez, solidão, onde precisamos de estímulos externos e força extrema para nos aquecer e nos reabastecer.

Esta metáfora é bonita e serve como aprendizado.

Devemos ter a sabedoria de respeitar cada momento, cada estação, respeitar e aceitar as coisas como são e vivenciá-las da maneira que se apresentam.

E o mais importante é saber, que tudo passa, as coisas mudam, o sol volta a brilhar e que sempre teremos uma primavera florida ou um verão quente pela frente.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Reparação

"Raízes"(1943) - Frida Kahlo
Quando me dou conta está feito.
Não tem mais conserto.
Está jogado ao vento.
O passado virou presente.
E o futuro depende.
Depende do absurdo.
Depende da reação.
Deepende da razão.
Quem controla o presente.
Pode quase prever o futuro.
Como um profeta.
Com suas infortunas meias verdades.
Um dia quem sabe tenha essa sabedoria.
De prever o imprevisível.
De controlar o impossível.
Mas antes devo controlar a mim.
Aprisionar a fera, domar o leão.
Não ser mais tão refém da emoção.
Ter o domínio absoluto  das coisas que afetam minha alma.
E com toda calma sentar e ver.
O futuro acontecer.

domingo, 3 de julho de 2011

Jim...




Venho aqui confessar minha paixão por ele.
Nunca o vi, nem era nascida quando ele por aqui estava.
Mas ele me fascina...
Não sei se por sua rebeldia, sua excentricidade ou sua intensidade.
Mas existe alguma identificação inconsciente da minha personalidade com tal comportamento.
Compositor, cantor e poeta.
Viveu quase sempre no seu mundo paralelo, não aguentou ficar aqui por muito tempo...
Mas deixou sua marca.
Era um ser inquieto...de uma inquietude infinita.
Por onde anda agora não sei, mas deixou suas palavras soltas ao vento.
Imortais, a vagar pelo tempo e pelo espaço.
Inquietas...

"Se as portas da percepção estivessem limpas, tudo pareceria como é, infinito.
( William Blake )

Tormenta

Gustav Klimt


Será que vou sobreviver?
Será que vamos sobreviver?
A esse amor que nos consome.
A todas essas indecifráveis emoções.
Não sei...

Não estabelecemos regras e nem contratos.
Vamos vivendo a cada dia o que nos é apresentado.
Amar não é fácil.
Amar é um exercício diário.

E eu quero te amar, quero tua alma.
Mas mergulho em ti e não consigo te achar.
A água é turva.
Não consigo te enxergar.

Quando venho à superfície consigo te tocar.
Te provo, te vejo,  te sinto.
Mas na tua alma.
Não consigo penetrar.

És para mim um mistério, algo que não sei lidar.
E mesmo assim de ti, não quero me livrar.
Não quero te abandonar, não quero me abandonar.
Pois ainda tenho a esperança de te decifrar.

Desvendar teu corpo e tua alma.
E em ti me perder para depois me achar.
E ai sem mais mistérios.
Sem mais tormentas.
Só fazer te amar.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

O Inverno


Todas as estações do ano tem a sua beleza e sua poesia, com o inverno não seria diferente.
Com sua intensidade e marcante presença, não consegue passar despercebido.
O inverno é a estação do recolhimento e da introspecção.
As pessoas saem menos, as aves migram para lugares mais quentes, os dias são mais curtos e as noites por consequência, mais longas....
É a mãe natureza passando o seu recado: se aquietem, parem, pensem...
O inverno também tem seus prazeres a serem por nós desfrutados.
Comemos mais e melhor.
Degustamos bons vinhos.
Apreciamos novas paisagens.
Ficamos mais elegantes. As pessoas se vestem melhor no inverno.
Ficamos perto do fogo...hipnotizados, aquecidos, a escutar o estalar da madeira.
A natureza é sábia e generosa, só precisa de mais cuidado e atenção.
Assim teremos sempre belos espetáculos a contemplar.