quinta-feira, 27 de setembro de 2012

o amor não tem coração

o amor não tem coração
e por falar em amor
é bom avisar
ele nunca chega
pra ficar
entra sem bater
se esparrama no sofá
de pernas pro ar
abre a geladeira
come tudo que vê por lá
bangunça a casa inteira
tira a mobília do lugar
coloca suas músicas
nos faz até gostar
conta suas histórias
olha no olho
beija na boca
faz planos
e  muitas vezes
nos leva
até um altar
ordinário
um dia se cansa
do nada
resolve mudar
sai sem bater a porta
nos deixa ali
com a cabeça
pra arrumar
e os cacos pra juntar
o amor é vulgar


quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Templo

teu corpo
é meu templo
nele exerço
meu ritual pagão
minha deusa
contemplo
meus diabos
expulso a tempo
de não deixar o amor
se perder em vão
abasteço meu espírito
que inquieto
sempre te fascina
teu corpo me alucina
somos pecado e perdão

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

finjo

finjo não te querer
finjo pra mim
melhor assim
esse não querer
disfarçado
bem encenado
é uma trégua
alivia meu coração
esfria meu corpo
me enche
de razão



segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Fragmentos 5

Em busca de alguma paz tentava te apagar do meu corpo, esquecer teu gosto, expulsar da memória teu rosto na hora sublime do amor. Chega um momento que não se pode mais voltar atrás, o que está feito está feito, tanto o bem, quanto o mal, se é que existe este paradoxo quando se trata de amor. Somos subjugados ao tempo e ao destino, não nos pertencemos mais, não enxergamos quando queremos, somente quando podemos e ainda assim, muitas vezes, preferimos o conforto da cegueira, a doce ignorância, o falso ser, mesmo que isso não seja mais tão excitante. A angústia que nos persegue, a distância física, nosso amor lacônico, onde iremos parar? Ou melhor, quando iremos enxergar, eu não tenho medo da luz, mas da sombra que ela pode mostrar.


quinta-feira, 13 de setembro de 2012

sobrevida

meu mundo
agora é só meu
não compratilho
meu sagrado
nem meu pecado
você pra mim
morreu
estranha morte viva
mas é assim
quem tem sorte
ainda tem
sobrevida



segunda-feira, 10 de setembro de 2012

fragmentos 4

Acordou sem abrir os olhos, ouviu o barulho da chuva que caía ritmada lá fora, uma sinfonia da natureza, pensou no que teria que enfrentar ao levantar da cama e continuou com os olhos cerrados, talvez se isso fosse um pesadelo não precisaria acordar, a realidade gritou ao som do despertador, os olhos teimosos não obedeciam, embaçados enxergavam vultos, pelo menos eles me entendem...sorriu, imaginou se cada um de seus sentidos tivesse vontade própria como seus olhos agora, certamente os ouvidos só ouviriam belas musicas e lindas palavras, sua língua lamberia coisas saborosas e sorveria beijos intensos, seu nariz procuraria por cheiros dos melhores perfumes, flores e aromas e sua pele por carícias, mãos macias e toques de seda, mas infelizmente somos de alguma forma escravos, os olhos começaram a obedecer, ou simplesmente a cumprir sua função, então ligou o piloto automático da vida pois também precisava cumprir a sua, foi tomar uma ducha, teria que enfrentar o mundo, um banho de água fria sempre ajuda a colocar os pés no chão, a chuva continuava sua sinfonia.



quarta-feira, 5 de setembro de 2012

setembro

estou aqui
sobrevivi a mais um agosto
entre morto e feridos
lamentos e gemidos
estou com os dois pés
fincados em setembro
que venha o sol
que venham as flores
que venha a primavera
amo o cheiro de esperança
que brota dela

Primavera -Botticelli



Publicação ZH - 05/09/2012


segunda-feira, 3 de setembro de 2012

vazio

cansei de fazer as mesmas  perguntas
e não obter nenhuma resposta
cansei de bater na mesma porta
de chegar no céu e cair das nuvens
de provar o amor vazio
das tuas palavras
de chegar sempre na hora errada
tentar decifrar teus beijos
e não entender nada
de buscar nos teus olhos os meus
e me perder na sombra da tua alma
meu coracão está frio
bate devagar querendo parar
cansou de esperar
o amor é uma sinfonia
de notas acordadas
não se faz poesia sem palavras
não se ama sozinho
amor é palavra conjugada