quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Desconectados














No mundo das conexões.
Estamos aqui nós dois.
Totalmente desconectados.
Que vontade de te ver.
Mais alguma coisa desplugou.
Caiu a rede, perdemos o sinal.
Desconectou geral.
Vamos chamar a assistência.
Ligar para a central.
Estamos fora do ar.
Perdidos em algum lugar.
Quero fazer teu download.
Baixar teu coração.
E salvar no HD.
Do meu mundo real.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Menina

nesse mundo
nasci menina
virei mulher
mulher-menina
não envelheço
meu espírito é travesso
não me olho no espelho
vivo mais do que sinto
verdade e a mentira são invisíveis
prefiro perceber com a alma
esta não tem idade
os olhos me traem
tenho um pé no céu
outro no inferno
não quero confundir
Deus com o Diabo
minha alma menina
quer sempre mais
esse tanto querer
me deixa aflita
não sou feia
nem bonita
Sou mulher

Chuva Fina

Adoro chuva fina.
Que toca o rosto.
Parecendo fazer carinho.
Molha só um pouquinho.
Elegante e educada.
Disfarça até algumas lágrimas.
Podendo se chorar baixinho.
Sem ninguém notar nada.
Bendita seja a chuva fina.
Caí do céu abençoada.



segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Lembranças

Desnudo con Alcatraces 
Diego Rivera - 1944

Passeando pela minha existência lembro dos meus desencantos, das noites mal dormidas, das minhas feridas, algumas ainda abertas.
Mas alguma coisa aprendi e pelo menos não me amargurei, me restou um pouco de doçura, o suficiente nem pra mais e nem pra menos, na medida exata pra envelhecer bem.
Na verdade sempre acreditei em alguma coisa maior, que algo estava reservado pra mim, de alguma maneira isso me moveu até aqui.
Não posso me queixar, também tive meus dias de glória, minha felicidade, minha paz, meu sossego.
A vida é feita de momentos, alegre e tristes, bons e ruins.
Os bons são como um trailer de filme, que deixa aquela expectativa, do querer ver mais.
Mas entre a tristeza e a alegria, prefiro ainda viver na ilusão do sorriso, mesmo quando amarelo e disfarçado.
A alegria é sempre mais simpática e atraente, pena que incomoda muita gente.

Descrendo

Ando descrente um pouco de gente.
Creio no céu e no mar.
Em um Deus desconhecido.
Por simples fé de que existe algo mais.
Creio na chuva que molha tudo.
No sol que seca, aquece e ilumina.
Nas fases da lua e na estrela guia.
Na bússola velha do meu avô.
No livro de receitas da minha vó.
Nas palavras do meu pai que jaz.
E sim, que um dia tive mãe.
Creio no que posso sentir verdade.
Creio na minha vontade.
Gente já é mais difícil.
É preciso muito mais que fé.
É preciso muito sol e chuva.
É preciso se entregar.
E de nada adianta a velha bússola.
Pra viver não existe receita.



domingo, 28 de agosto de 2011

Ardor

Ele vem e me sufoca.
Beija até me deixar torta.
Parece querer fundir
Meu corpo no seu.
Fala que me ama.
Ama demais.
Que nunca se satisfaz.
Me chama de amor.
Morena flor.
E agora? Eu que sou só palavras.
Não me cabem tais adjetivos.
Talvez os beijos, talvez esse tanto de amor.
Mas ele insiste e eu deixo.
Quero descobrir de onde vem tanto ardor.

Abduction -- Hercules and Alcestis, 1867 - Paul Cézane


Viver mulher

nascer mulher é destino
ser mulher é opção
um pouco de desatino
um pouco de desilusão
buscar o caminho do meio
da louca e da santa
mãe, amiga, amante.
renunciar e procurar o prazer
ser inteira e não pela metade
aceiceitação
resignação
transgreção e mudança
fazer, lutar, brilhar, sonha
querer transcender
achar seu lugar
nascer mulher é destino
viver mulher é desafio


Les Demoiselles dAvignon - Pablo Picasso (1907)

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Vontade infinita

Não sei o que seria.
Só sei que eu queria.
Bom ou ruim.
Queria assim.
De qualquer jeito.
Mas quem é que sabe.
O que vai ser.
Só se sabe quando se vê.
E antes de ver, vem o querer.
E nem sempre se pode ter.
Esse tal querer.
E quando vira impossível.
A vontade aumenta.
O querer vira sonho.
Fantasia, imaginação.
Fica na ilusão.
Da vontade infinita.






Meu conto


Escrevi há tempos um conto.
Conto inventado, conto contado.

Agora preciso de votos, muitos votos para passar da primeira fase do concurso Eu Amo Escrever.
Estou virando quase uma política chata nessa minha campanha.
Mas campanha é campanha e ficaria muito feliz de vê-lo publicado, ou pelo menos selecionado.
Gostaria muito que meu pequeno conto fosse lido por muita gente.
Então vou postar aqui o link para votação, e um video que fiz.
Para quem não me conhece eu peço atenção e se gostarem votem no coração.
Pode ser votado duas vezs ou até três por dia.
Aos amigos, que votem....e já sei que muitos estão votando todos os dias.
Vocês são tudo!!Amo todos!! bjs aí vai

http://www.li3.com.br/clientes/euamoescrever/contos.php?desencontrados&p=2002











quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Caminho devagar.

Caminho devagar.
Para não tropeçar.
Não quero mais cair.
Bastam estas cicatrizes.

Caminho devagar.
Para observar,
Escolher melhor por onde andar.
Não quero mais caminhos tortos.

Caminho devagar.
Porque não posso parar.
Não sei ainda onde quero chegar.
Cansei também de errar meu destino.

Meu colorado











Meu mais louco devaneio.
É ser um jogador de futebol.
Vestir aquela camisa vermelha.
Ficar frente a frente com a goleira.
Atacante por certo me cairia bem.
Marcar um gol.
E o Beira-rio explodir.
Cheio de paixão.
Ver a massa vermelha.
O estádio encarnado.
Vermelho de amor.
Vermelho colorado.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Maria anjo

Dona Maria é um anjo.
Que vem me salvar da desordem. 
Limpa tudo que pode.
Levanta, sacode, lava e passa.
De onde vem tanta graça?
Dos olhos doces e meigos?
Chega sempre bem cedo.
Como alvorada.
Sempre bem acompanhada.
De um belo sorriso e ternas palavras.
Maria nome da Virgem.
Maria nome de santa.
Pra mim nome de anjo.
Maria que virou poesia.





Frio

frio que lasca
 não passa
frio que amassa
meu corpo no teu corpo
feito massa de modelar
que se encaixa
nas tuas curvas imperfeitas
quase perfeitas
penetrando cada canto
do teu encanto
frio que fica bom
vira calor
quando brinca de amor

O Abraço - Gustav Klimt

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Perdida

Estou perdida.
Entre a minha realidade.
E a minha fantasia.
Entre o que quero.
E o que queria.
Estou confusa.
Cheia de dúvidas.
Cheia de dores.
Não sei mais se o amor.
Aquele, ainda habita.
Estou aflita.
Preciso remover a cortina.
A fumaça atrapalha minha visão.
Mas no meu coração.
Não entra a razão.
Meu grande defeito, é esse jeito.
De caminhar pelos sonhos.
Mesmo quando viram pesadelos.
Acreditando que amanhã.
Serão os mesmo de outrora.
Quando a qualquer hora.
Ele me enchia de beijos.


Sylvia Ji







Sem rosto

No poeta o rosto não interessa.
Sua alma sim, é expressa.
A poesia é sua identidade.
Versos e melodias vem do coração.
Palavras, das suas mãos.
Suas linhas cheias de sentimentos.
Revelam seu interior.
Não tem vergonha e nem pudor.
Amante de seu leitor.
Entrega-se inteiro no ato do amor.
Entre rimas e susurros
Sozinhos, no escuro.


"Ser Poeta" - Florbela Espanca - Ana Marques (2002)

domingo, 21 de agosto de 2011

Vazia.














Não, não me olhe assim.
Estou vazia.
Só me saem palavras frias.
Sem versos, sem melodia.

Não controlo meus sentimentos.
Falo do que está aqui dentro.
Sim, parece não ter nada.
Estou anestesiada.

Talvez seja culpa desses dias frios.
Dessa falta de calor.
Do reencontro com a razão.
Do desencanto.

Vamos dormir.
Quem sabe amanhã eu acorde diferente.
Seja abençoada com bons sonhos.
Volte a me sentir mais gente.




Noite Fria

A noite caía fria.
Seu corpo congelava.
Até os ossos.
Um frio que doía.
Congelava ainda mais.
Seu  coração.
Tentava se aquecer.
Há tempos buscava o calor.
Qualquer coisa.
O sol.
O fogo.
Um novo amor.

"Dânae" - 1907 - 1908 - Gustava Klimt




sábado, 20 de agosto de 2011

Desapego

Resolveu quebrar todas as louças.
Não precisaria mais lavá-las.
Rasgou também todas as roupas.
Jogou fora as contas.
Não iria pagá-las.
Tapetes, enfeites e toalhas.
Voaram pela janela.
Ficou com o travesseiro.
Uma coberta.
Colchão, cadeira e mesa.
Livros e discos.
Sua companhia.
Assim viveu o resto dos seus dias.
Exerceu o desapego.
Coisas inúteis e enfadonhas.
Desprezou.
O que enriquecia sua alma.
Guardou.
Partiu, mas deixou.
O que era importante.
O que iluminava sua noite.
O sentido da vida.








sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Fêmea

Bicho solto.
Sem dono.
Uma leoa na selva.
Faminta.
 Fêmea no cio.
Sou bicho.
Porém sou rainha.
Deusa, Sacerdotisa.
Minha entrega é sublime.
Transcende a carne.
Meu espírito viaja.
Solto no espaço.
Livre em teus braços.

Edward Weston



Mentira

Sylvia Ji
Uma das piores coisas que existe nas relações humanas é a mentira.
É claro que muitas vezes é necessário e prudente mentir, afinal o mundo não é verdadeiro, precisamos nos adaptar e sobreviver a essa dura realidade.
Mas a mentira quando mal empregada gera muitos outros sentimentos igualmente desastrosos.
Nos sentimos traídos, enganados, desprezados, a confiança é quebrada, jamais manteremos a mesma relação com o mentiroso.
Isso falando de uma mentira séria, porque também existem as mentiras bobas.
As bobas, como a própria palavra diz, são bobas, mas não deixam de nos causar um certo desconforto com relação ao sujeito que nos ludibriou. Será que ele mente assim levianamente, como se fosse um pequeno vício ou está aí um grande mentiroso disfarçado.
Porém, atire a primeira pedra quem nunca mentiu, todos temos telhado de vidro, agora se você não é um psicopata e se julga uma pessoa de caráter acredita que sua mentira teve lá suas razões nobres de ser.
Sendo boa ou má, se assim podemos classificá-la, ela está presente no nosso dia a dia. Melhor seria que a verdade estivesse sempre em primeiro lugar, mas não é o que geralmente acontece.
Eu particularmente sou uma péssima mentirosa, confesso que já tentei cometer esse pecado algumas vezes mas parece que uma luz pisca em minha testa avisando a vítima do meu ato desprezível .
Desisti de usar esse artifício, quando sou obrigada, falo a verdade mesmo que doa.
Está aí outra questão a ser tratada, quando a verdade dói vale ou não vale a pena ser dita, mas isso é assunto para um outro texto. 

Vivemos um eterno paradoxo.


quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Desertos

Não durmo com a porta aberta.
Não tenho hora certa.
Nossas horas desiguais.
O que já foi para ti, para mim é o começo.
Nos perdemos no espaço.
No nosso tempo.
Um tempo que ninguém vê.
Ninguém sente.
Só pertence a mim e a ti.
Donos das nossas horas.
Horas incertas.
Às vezes desertas.
Desertas de amor.

Sebastião Salgado - Namíbia


Reencontro

Hoje visitei meu passado.
Mémorias guardadas.
Relembradas.
Ressucitadas.
Como é bom ter sido.
Ter vivido.
Histórias, músicas e versos.
Os mesmos olhares.
A simplicidade que mora na amizade.
De ficar muito tempo sem se ver.
E num simples gesto saber.
Sim, somos os mesmos.
Guardamos nossos segredos.
A vida mudou.
Mas a gente ficou.








quarta-feira, 17 de agosto de 2011

tenho fome

fome de amor
 de viver
do desconhecido
do prazer
da emoção
do beijo roubado
do inusitado
de um ar mais puro
do futuro
tenho fome de mim
do meu eu escondido
 face oculta
dos sonhos não realizados
de ti não é nem fome
é mais
por mim te devoro
derreto teu coração
te faço ajoelhar
 me pedir perdão
 por chegar atrasado
por não ter me amado
por me deixar assim
faminta
sem começo
 e nem fim

Banksy

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Verdadeiramente assim.

Eu compartilho a felicidade assim como compartilho a tristeza.
Guardo pouco coisa para mim, o necessário para me proteger.
Não quero ficar amargar nem azeda.
Quero preservar minha lucidez.
Não tenho medo também do julgamento e da inveja.
Sentimentos pequenos eu dispenso.
Minha alma é clara e transparente.
Não falo nada só para agradar alguém.
Chega da hipocrisia que se vive no dia a dia.
Digo o que realmente penso, seja bom ou ruim.
Tem gente que não suporta a felicidade alheia.
Só pelo simples fato de que não consegue ser feliz.
Vive a vida dos outros e esquece da sua.
Tem gente que se compadece da tristeza.
É bem mais fácil e confortável.
O ser humano tem seu lado sombrio.
Que é da natureza do ser.
Na vida, sempre vamos encontrar obstáculos no caminho.
Mas de vez em quando anjos aparecem.
Sopram palavras no nosso ouvido.
Por isso não guardo quase nada, o segredo é caminhar leve.
Assim a chance de ir mais longe é maior.

Sylvia Ji





segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Minha primeira vez.


Depois de várias linhas escritas.
Hoje fui despretensiosamente publicada.
Estão lá minhas palavras inventadas.
Impressas na página 34 de um grande jornal de circulação.
Num espaço pequeno.
Mas para mim, há pouco tempo atrás, inatingível.
Estranho, tive que olhar umas três vezes, para me certificar.  
O colunista escolhe um texto e publica sem aviso.
Isso quando o publica. 

Confesso que foi uma deliciosa surpresa.

As palavras sempre passearam pela minha vida.
Porém agora resolveram ficar.
Fui literalmente possuída por elas.
A caneta e o papel agora são meus companheiros inseparáveis.
Em cada frase largada ao vento, em casa cena do cotidiano, busco uma inspiração.
Vou continuar a escrever despretensiosamente.
Pois é assim que sou.
Vou tentar mergulhar mais fundo na minha alma.
Tenho cada vez mais coragem de ver até onde eu vou.
Acho que encontrei meu caminho na estrada.
Acho que me achei nas palavras.



Henri  Cartier- Bresson



Obrigada aos amigos pelo incentivo, carinho e o reconhecimento.
Sem vocês eu não estaria aqui neste blog!!

Publicação na Zero Hora - 15/08/2011


domingo, 14 de agosto de 2011

Sem repetição

Banksy

Não espere de mim o óbvio.
Isso você não vai ter.
Eu vivo em constante transformação.
Mudo de opinião, de estilo e de religião.
Busco sempre ouvir uma nova canção.
Não gosto do tédio, do certo, do sempre igual.
O ar fica pesado, as coisas mofam, a cabeça para no tempo.
Visito minhas lembranças, as fotos antigas, a história da minha vida.
Respeito as minhas vivências.
Mas o passado é outro tempo e o presente eu quero diferente.
Diferente para melhor, o vivido é para ser aprendido.
Sem razão para repetição.
Que o passado quando apareça seja para me fazer sorrir.
Que enriqueça meu presente.
Para que meu futuro seja sempre diferente



Janela.

Da janela ela conseguia avistar um pedaço do rio.
Se sentia privilegiada.
Afinal, quantas pessoas conseguiam ver um rio?
Às vezes via os navios e barcos passando.
A tempestade chegando.
O sol se pondo e deixando tudo cor-de-rosa.
Uma pequena tela.
Onde podia observar a vida lá fora.
Os carros iam e viam.
Pessoas caminhavam.
Se perguntava qual o sentido daquilo.
De tudo ser como é.
Ela, o tempo, os outros.
Quem tinha escolhido seu personagem?

Observou o rio novamente...
Aquilo que para alguns era pouco.
Para ela era muito.
Quem se importa.
Ficou mais um pouco ali.
Pelo menos tinha o que contemplar.




Juan Gris , Janela Aberta, 1921



Silenciosa homenagem.

Hoje minha homenagem é silenciosa
É sorrir e não chorar.
Lembrar de coisas boas.
Do cheiro do aeroporto, do teu perfume sempre bom e dos cafés da manhã.
Lembrar do abraço apertado e dos jogos do colorado.
Agradecer pelas viagens inesquecíveis.
Por me apresentares o mundo.
Pelo que penso e pelo que sou.
Então vou ficar quietinha e só escrever estas linhas.
Eternamente te amo.

Ibirapuera - SP - 1977





sexta-feira, 12 de agosto de 2011

A Menina.


A menina queria um mundo diferente.
Queria que gente durasse para sempre,
Que na vida não existisse a dor.
Que seu gato não ficasse doente.
E que seus amigos estivessem sempre presente.
A menina sonhava com o impossível.

Gente às vezes vai embora e não volta mais.
No mundo existe todo tipo de dor.
Dor de amor, de saudade, dor de dor.
O gato, este era mais fácil, por certo melhoraria.
E os amigos, não se podia muito deles esperar.
Só se doar.

A menina ficava triste e ia para seu quarto chorar.
Mas acreditava em fadas.
E esperava que quando uma delas aparecesse.
Realizasse seu desejo.
O desejo de ter seu mundo perfeito.
Sonhando acordada, foi dormir. 
Woman With a Cat - Renoir (1875)


quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Dor de não ser.

Eu queria alguém que me aconchegasse nos braços por horas.
Ouvisse todas as minhas histórias.
Alguém com paciência e cuidado.
Que me beijasse com carinho e afagasse meus cabelos.
Olhando nos meus olhos entendesse minha dor.
Não me fizesse peguntas difícieis.
E nem exigisse meu amor.
Alguém como um anjo talvez.
Sou órfã de pai e mãe .
E de alguém que eu nem conheço.

Saudade eterna!

Ele que era tudo, estava se transformando em nada.
Tudo que eu sou e que eu sei.
Tudo em que eu sempre acreditei.
Meu mundo estava literalmente ruindo.
Perdida na dor eu estava cega.
Completamente cega.
Meus instintos me guiavam.
E o meu sofrimento era um fantasma insólito.
Ele é cruel, não esquece de ninguém.
Me consumiu, fui devorada por ele.
Fazem dois anos que eu flertei com a morte.
Fazem dois anos que ele levou meu amor, meu pai.
Minha primeira razão de ser.
Ainda bem que a vida teve compaixão e me deu outra oportunidade
Tenho um outro amor, lindo e cheio de vida e com os mesmos olhos claros.
Os olhos claros e profundos, são iguais.
Foi a última coisa que eu procurei nele e não achei.
O brilho dos olhos.
Então vi!! Tudo estava perdido.
Eu estava perdida.
Registro aqui minha saudade eterna.
De alguém justo, íntegro e ético.
Que me serve de inspiração e que eu morro de saudades!
Pai te amo! Tu não podias deixar de estar aqui!
Espero que na valsa dos anjos eles consigam sussurrar para ti minhas linhas.










Meu voo.



 Voo sem rumo e sem medo.
Sem rumo para descobrir caminhos novos.
Sem medo, porque o medo com meu voo não combina.
 Perde o sentido e a razão de ser.
O medo é um dos inimigos da liberdade.
 Eu quero ficar solta no céu.

Meu céu é azul com algumas nuvens.
Tenho um sol que  aquece.
Uma lua que ilumina.
E estrelas que me fazem companhia.
A chuva quando aparece molha meu rosto.
 Lágrimas caem.

Olho para baixo, vejo tudo e todos.
Pego carona na corrente do vento.
Ele sopra devagar, mas leva longe.
Prefiro assim, posso melhor contemplar meu universo.
Não cortem minhas asas, é muito bom voar.
Voar sem medo.


quarta-feira, 10 de agosto de 2011

A poeta e o cozinheiro


Um história de amor entre panelas e palavras.
Canetas, garfos, papéis e facas.
No guardanapo, ela escrevia.
Seus versos, ele comia.
Ela o enfeitiçava com rima.
Ele, com a gastronomia.
Entre aromas e cores, versos e livros se perdiam.
Mas depois do amor a inspiração sempre vinha.
E lá ía ele: rimar tomate com alecrim e sálvia com cebola.
Ela cozinhava palavras cruas que saltavam no papel.
A mistura das letras sem receita nem sempre dava certo.
A comida feita com paixão, às vezes esfriava
Mas a criatividade os unia.
Brincavam, poeta e cozinheiro, o tempo inteiro.



Henri Matisse






Brincando.

Voltei a ser criança.
Brinco todo o dia de fazer poesia.
E tendo as palavras como brinquedo.
Não vou envelhecer tão cedo.
Invento novos mundos.
Construo e destruo.
Posso ser eu ou qualquer outro alguém.
Desperto paixões, exagero nas emoções.
Faço chorar.
Enxugo as lágrimas e as transformo em sorrisos.
Como uma mágica.
E nessa brincadeira sem fim.
Esqueço até de mim.
Dou um tempo da minha existência.
Fico na fantasia da rima imperfeita.
Despretensiosamente perdida.

Circo - Joan Miró


Ilusão

Eu me derretia em versos para tentar de gravar nas palavras.
Mas palavras são abstratas.
Na minha realidade concreta nunca te encontrava.
Sempre caía no vazio.
No vazio das coisas perdidas.
Vivia na ilusão da poesia.
Do poeta que inventa o amor.
Amor inventado.
Melhor viver de ilusão do que morrer na razão.
A razão que quase todo mundo conhece.
Ao menos a ilusão só a mim pertencia.
Então fingia que eras meu.


terça-feira, 9 de agosto de 2011

Loucura.

É minha loucura que me salva.
Cura minhas feridas.
Ameniza minha saudade e minha dor.
Alivia minha angustia existencial.
É na loucura que encontro a sabedoria de andar pela vida.
Seguir meu caminho com um sorriso no rosto.
E essa loucura me faz sonhar e acreditar nos meus sonhos.
E os sonhos... Esses sim.
Alimentam minha alma!



segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Cinza.


Hoje eu acordei sem cor.
Desbotada, cinza, de mau humor.
Nem o cheiro do café passado me animou.
Acordei com o peso de uma segunda-feira chuvosa de agosto.
Adoro a chuva e o cinza.
Mas hoje acordei sem sabor.
Nem o pão quentinho com manteiga me salvou.
Ainda bem que amanhã é terça.
Terças são mais animadoras,
Mesmo com chuva, mesmo com frio.
Mesmo sendo uma terça-feira de agosto...
Banksy

domingo, 7 de agosto de 2011

Aos poucos

Me revelo aos poucos para que não te canses de mim.
Para te deixar interessado até o fim.
Te conto um pouco para que me decifres por ti.
Quero ver também até onde podes ir.
Testar teus sentidos e a tua percepção 
Ir além da razão.
Sou um pouco de mistério porque quero que me leves a sério.
Sério ao ponto de querer me despir.
E quando isso acontecer me deixes louca 
Tão louca a ponto de nunca querer partir.

Henri Cartier Bresson

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Caminhada

Eu dou um sorriso para fingir que está tudo bem.
Às vezes é preciso fingir...
Choro para valorizar meu sorriso.
É preciso sobreviver...
Caminho passos curtos e rápidos.
Curtos para contemplar o caminho.
Rápidos para esquecer o que quero.
A caminhada é longa e existem obstáculos.
É preciso parar e respirar.
O ar nem sempre é puro e isso não ajuda.
As flores sim, essas são como um bálsamo.
A estrada fica mais bonita.
Tudo vai passando como um filme.
Os detalhes, por vezes, passam desapercebidos.
Uma pena...não tenho como retroceder.
Sigo, olho para trás, vejo o quanto andei.
Por quantos já passei e quem está ao meu lado.
Resgato alguns, esqueço de outros, guardo pessoas no meu coração.
Ele está cheio, mas sempre aberto para o desconhecido.
Porém a seleção é maior.
Olho para a estrela e ela me chama.
Será? Certamente...
Um dia alcançarei as estrelas.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Tempo imperfeito

Eu que esperei tanto e no quase fiquei.
O quase que é nada.
E nada é desolador.
Como sobreviver nesse mundo sem amor?
É como dormir e não sonhar.
Tocar e nada sentir.
Falar e não ouvir.
Viver pela metade.
Está será minha sina?
Sonhar e não alcançar?
Querer e não poder ter?
Imaginar que poderia ser...
E esse pretérito imperfeito.
Segue no seu tempo.
Na eterna dúvida do se acontecido.
Mas meus olhos continuam brilhando...

Banksy

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Paixão e Poesia

A poesia é igual a paixão.
Chega, invade o coração, não escolhe hora e nem lugar.
Acontece simplemente.
Pode até existir paixão sem poesia, mas não existe poesia sem paixão.
As duas são inventadas e imaginadas.

Cheias de rimas certas e incertas, encontros e desencontros.
Fazem sorrir, fazem chorar...
Dizem que o poeta é um grande mentiroso...
Um apaixonado mente para si.
A diferença é que a poesia é eterna
E toda a paixão tem um fim...

Onde vamos parar?


Vivemos no país da impunidade.
Um país onde criminosos não pagam pelos seus crimes. Banqueiros ladrões, políticos corruptos, assassinos passionais e por aí vai.
Temos leis que são muito bem aplicadas a nós meros mortais, que pagamos nossas contas e impostos em dia, agora aos que se consideram acima de tudo e de todos nada acontece. Cumprem suas penas em algum lugar do Caribe, no velho mundo ou em algum paraíso escondido por aqui mesmo.
Enquanto isso o circo pega fogo e milhões de palhaços seguem olhando indignados os noticiários da TV sem nada poder fazer.
Mas fazer o que? A pergunta que não quer calar!
Após anos de ditadura e repressão conquistamos o direito ao voto, o direito de escolher nossos líderes, fomos às urnas e nada mudou. Depois de anos no poder, a direita foi substituída pela esquerda e tudo continua igual só que escancarado, escândalos atrás de escândalos.
Ainda para ajudar temos a imprensa que faz às vezes da nova esquerda, é sensacionalista e está sempre em busca de novas manchetes que vendam mais revistas e jornais. Qual seu real comprometimento com a verdade dos fatos?
Não estou generalizando em nada, sempre irão existir almas a serem salvas.
Estamos perdidos e desiludidos em meio a um grande caos.
Votamos hoje em dia muitas vezes mais pela obrigatoriedade do voto e pela consciência de que conquistamos um direito fundamental do que pela convicção de que realmente estamos dando o poder às pessoas certas.
Enquanto isso pessoas inocentes morrem nas filas do SUS à espera de um atendimento, as escolas fecham por falta de professores, o tráfico de drogas assume o poder de Estado.
Onde vamos parar? Não sei.


(exercício da Oficina de Crônicas de Walter Galvani)

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Agosto

Este mês nada simpático, perseguição ou superstição?
Quem passa por ele sobrevive ao que resta,
Agosto é como uma bebida amarga.
Bebemos para acordar, para aquecer, para  esquecer...
Meio a contragosto, devagar.
Passo por ele de olhos fechados.
Me dá calafrios, melancolia, me traz lembranças frias.
Suspiro e anseio por Setembro.
Estou louca a culpar o calendário?
Penso que não.
Pois se existe culpado, que seja ele pois fama de mau agouro já tem.
Então torço os dedos e conto os dias para sobreviver mais uma vez.

The Dream - Salvador Dalí - 1937

Sensações

Algumas coisas a afetavam tanto ao ponto de doer seu coração.
Uma dor física, inexplicável.
Sentimentos incontroláveis que apareciam e possuíam sua alma.
Habitavam seu corpo dias e noite,
Por vezes era só uma sensação passageira.
Será que com os outros acontecia o mesmo?
Se fossem como ela, jamais poderia saber.
Costumava guardar tudo, sofria calada.
Afinal para que compartilhar coisas tristes, sem sentido, sem uma causa de ser.
O melhor era aceitar o inevitável e talvez com o tempo tentar entender.
As respostas nem sempre vinham.
E ela então se resignava a ficar presa no plano das emoções."