segunda-feira, 25 de julho de 2011

O Paraíso de Júlia

Todos os finais de semana eram iguais. 

Júlia ia com seus  pais visitar os avós que moravam em um sítio próximo a sua cidade. Acordavam cedo no domingo e começavam a preparar a pequena viagem.

Júlia adorava esse dia, pulava da cama prontamente às 7 da manhã, com sua mochila cor-de-rosa já cuidadosamente arrumada desde o dia anterior, recheada com seus livros e brinquedos preferidos, era a primeira pessoa a embarcar no carro.

Para a menina era uma verdadeira aventura, ela tinha 8 anos de idade, morava com seus pais em um pequeno apartamento no centro da cidade.

Durante a semana ia ao colégio pela manhã e passava o resto do dia no apartamento com uma babá.  Os pais trabalhavam em turno integral.

Era uma criança curiosa e inteligente, sempre questionava a mãe sobre todas as coisas e uma das perguntas mais frequentes era sobre a sua condição de pequena prisioneira urbana, pois isso a deixava muito angustiada.

A mãe de Júlia, como fazem todas as mães, respondia às perguntas da menina sempre dando as melhores justificativas para sua clausura, prometendo que um dia isso mudaria,que viveriam em um lugar maior, que ela teria irmãos e que todo o esforço seria recompensado.

Júlia ouvia atentamente, com um olhar distante, duvidando um pouco das palavras da mãe, mas se resignava e sonhava com os tais dias melhores, como fazem todas as crianças de sua idade.


Mas,existiam os domingos, e eles, para ela eram mágicos.

Encontrava sempre seus primos, quase todos da mesma idade. Brincavam o tempo todo, pega-pega, esconde-esconde, corriam pela grama, subiam em árvores, e no verão se banhavam em um pequeno riacho e pescavam, além das comidas deliciosas da avó e dos horários flexíveis para quase tudo.

Era a verdadeira liberdade tão sonhada por Júlia.

Mas quando entardecia, seu coração começava a apertar, era a hora de partir, voltar para casa.

Mesmo inconformada, Júlia entrava no carro, sentava à janela e observava seu pequeno paraíso desaparecer aos poucos diante de seus olhos.

Mas uma coisa a deixava animada: A certeza de que sempre voltaria.